Terça, 16 de Abril de 2024
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Meira ao lado de sua assinatura no mural da sala histórica do 1º GAvCa na BASC. Foto: Luis GabrielRio, 30 MAR 2013- O "Garoto" nos deixou... Morreu hoje, aos 90 anos, o Veterano José Rebello Meira de Vasconcelos. 93 missões de guerra e mais de 6.000 horas voadas pela FAB. Um dos últimos remanescentes daquele bravo grupo de voluntários que partiu para o Velho Mundo para defender a soberania do Brasil, afrontada pelos submarinos do Eixo nas águas do Atlântico.

Após o velório no III COMAR, o corpo do Veterano Meira foi levado para o jazigo da família no Cemitério São João Baptista, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Debaixo de uma chuva moderada, seus amigos puderam se despedir desta grande figura humana. Até na sua despedida ele foi simples. Devido ao teto baixo provocado pelo mau tempo, as aeronaves do 1º GAvCa não tiveram como sobrevoar o cemitério e seu sepultamento se deu primeiro ao som da canção "Afinal" e depois pelo triste toque da corneta.

Comecei o artigo dizendo: O "Garoto" nos deixou. E por que "Garoto"? Garoto porque quando o Grupo de Caça foi criado, Meirinha tinha apenas 21 anos recém-completados. Garoto porque tinha cara e tamanho de menino, mas, ao colocar seu uniforme de piloto de caça e entrar no seu Trator Voador, o Garoto virava um guerreiro implacável.

Foram 93 missões de guerra, e a sua última coincidiu com a última missão do Brasil na Segunda Guerra Mundial, era o dia 02 MAI 1945. Após a Campanha da Itália, este Avestruz Guerreiro continuou sua carreira na FAB, e em tempos de paz alçou voo nos nossos céus e cumpriu brilhantemente esta sua missão.

O Veterano Meira, ou Meirinha, chamou sempre a atenção pela sua serenidade. Sempre solícito a todos que buscavam dele mais informações sobre os duros dias de combate na Itália e de sua experiência ao voltar para casa e formar a nova geração de caçadores do Brasil.

Tive a grata satisfação de conviver com esta pessoa gentil e educada, que sempre tinha uma história deliciosa para contar sobre os seus dias na ativa. Só o vi perder a serenidade uma vez, ao falar de um antigo companheiro da Campanha da Itália, que deu as costas aos seus companheiros durante o Movimento de 1964. Jamais perdoou o comportamento deste militar que não soube honrar a camaradagem e o espírito de corpo forjado por Nero Moura em seus comandados na Campanha da Itália.

O Brasil perde hoje um de seus VERDADEIROS HERÓIS, não um daqueles efêmeros criados pela mídia no afã de preencher manchetes para vender periódicos, mas sim uma pessoa que dedicou parte de sua juventude para o seu País, sem saber se teria um amanhã. Viu tombar companheiros mês após mês, e nem assim esmoreceu. Cumpriu com o seu dever e voltou ao seu país natal para ser esquecido. Ainda bem que não por todos, pois nós, que tivemos o prazer de conviver com ele e seus companheiros, e que valorizamos seu legado, temos o dever de manter esta história viva.

Meirinha que Deus o acompanhe nesta jornada, e com certeza o eterno Comandante Nero Moura e demais integrantes do 1º GAvCa estarão te esperando em festa. Um grande ADELPHI. SENTA A PUA! BRASIL!

 




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